A missão da Organização dos Estados Americanos (OEA) partiu de Honduras nesta quinta-feira sem que o diálogo entre os partidários do presidente Manuel Zelaya e do líder interino Roberto Micheletti tenha avançado.
Nenhuma das reivindicações da entidade para destravar o impasse político no país foi atendida, mas a organização louvou o fato de que um diálogo entre os dois campos foi firmado pela primeira vez.
Micheletti se mostrou irredutível em sua decisão de impedir que Zelaya regresse ao poder. As pressões pelo retorno do líder deposto levaram Micheletti a ainda por cima repreender os representantes da OEA em uma reunião no Palácio Presidencial transmitida em cadeia televisiva.
Clique Leia mais na BBC Brasil: Micheletti se recusa a permitir restituição de Zelaya à Presidência
Não foi feita qualquer garantia de que o presidente deposto poderá deixar a Embaixada do Brasil, onde ele está refugiado há 17 dias.
Comissões
O Estado de Sítio decretado pelo governo interino segue em vigor na prática, uma que vez que o decreto oficial colocando fim ao regime de exceção nunca foi publicado, apesar de Micheletti ter garantido que o dispositivo que teve início cinco dias após o regresso de Zelaya cessou de ter validade nesta terça-feira.
A OEA divulgou um comunicado nesta quinta-feira, no qual afirma que as duas partes concordaram que o acordo de San José servirá de base às discussões.
O plano foi formulado pelo presidente da Costa Rica, Óscar Árias, e propõe, entre seus 11 pontos, a restituição de Zelaya, mas em um governo de unidade nacional.
O comunicado informou ainda que os dois lados aceitaram formar comissões que discutiriam ajustes e atualizações de cada ponto do Acordo de San José sobre os quais pairam divergências.
Os grupos em discussão teriam se comprometido ainda com um novo pacto político e social para o país.
Respaldo externo
Na quarta-feira, após terem se encontrado com Micheletti, os representantes da OEA se reuniram com o presidente Manuel Zelaya na Embaixada do Brasil e com os candidatos à presidência no pleito que está marcado para o dia 29 de novembro.
Sem ter colhido avanços entre os representantes dos dois campos, a entidade pediu que os candidatos pressionem por uma solução para a crise, caso contrário, aquele que se sagrar o vencedor do pleito, correrá o risco de não ter qualquer respaldo externo, uma vez que a comunidade internacional já afirmou que não reconhecerá o resultado das eleições se Zelaya não for reconduzido ao poder até a data do pleito.
O acordo é difícil. Não resta a menor dúvida, mas isso não impede que continuemos tentando.
Ruy Casaes, representante do Brasil na OEA
"Há vários indícios de que, se não restituírem o presidente Zelaya a seu cargo o quanto antes, alguns movimentos tornarão impossíveis a realização de eleições limpas e respeitadas por todos", afirmou John Biehl, o assessor especial do secretário-geral da OEA.
O embaixador do Brasil na OEA, Ruy Casaes, que foi o representante brasileiro nas negociações, disse ter visto a negociação de forma positiva, uma vez que foi a primeira vez que as duas facções políticas em disputa em Honduras se reúnem sem a presença de mediadores.
De acordo com Casaes, o tom irredutível de Micheletti pareceu uma tática para o público interno hondurenho. “Nas reuniões internas, ele teve uma postura razoável.”
O embaixador frisou: “O acordo é difícil. Não resta a menor dúvida, mas isso não impede que continuemos tentando”.
Indagado se o insucesso da entidade seria um sinal de sua irrelevância, Casaes afirmou: “Todos organismo internacional é aquilo que os Estados-membros querem que seja”.
Protestos
O campo zelaysta parecia frustrado com a ausência de um avanço nas negociações. Um dos representantes do líder deposto, o sindicalista Juan Barahona, afirmou que o “debate está em ponto morto”, mas que as negociações irão continuar.
Pouco após a partida dos representantes da OEA, um grupo de manifestantes ligados ao grupo Movimento de Resistência ao Golpe, formado por diferentes grupos sindicais e camponeses, fez um protesto em frente ao Hotel Clarion, que sediou a reunião.
Os ativistas pediam o regresso de Zelaya e chamavam os representantes do governo interino de “cães” e os policiais armados com escudos e cacetetes de “assassinos”.
Houve empurra-empurra entre policiais e manifestantes e alguns ativistas chegaram a apanhar com cacetetes, mas não houve detenções nem incidentes mais graves.
Os ativistas pediam o estabelecimento de uma Assembléia Constituinte, que discutiria a reforma da Carta de Honduras. O tema foi o pretexto usado pelos representantes do governo interino para depor Zelaya e o líder deposto disse ter aberto mão da proposta.
Clique Entenda a crise em Honduras
Ele havia proposto uma consulta popular sobre o estabelecimento de uma Constituinte que seria realizada no dia em que ele foi deposto.
Curiosamente, Barahona, que participou da reunião com a OEA, discursou na manifestação realizada nesta quinta-feira em Honduras, chamando a entidade de “elefante branco” e “clube para turistas”. Mais notícias:
Nenhuma das reivindicações da entidade para destravar o impasse político no país foi atendida, mas a organização louvou o fato de que um diálogo entre os dois campos foi firmado pela primeira vez.
Micheletti se mostrou irredutível em sua decisão de impedir que Zelaya regresse ao poder. As pressões pelo retorno do líder deposto levaram Micheletti a ainda por cima repreender os representantes da OEA em uma reunião no Palácio Presidencial transmitida em cadeia televisiva.
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Não foi feita qualquer garantia de que o presidente deposto poderá deixar a Embaixada do Brasil, onde ele está refugiado há 17 dias.
Comissões
O Estado de Sítio decretado pelo governo interino segue em vigor na prática, uma que vez que o decreto oficial colocando fim ao regime de exceção nunca foi publicado, apesar de Micheletti ter garantido que o dispositivo que teve início cinco dias após o regresso de Zelaya cessou de ter validade nesta terça-feira.
A OEA divulgou um comunicado nesta quinta-feira, no qual afirma que as duas partes concordaram que o acordo de San José servirá de base às discussões.
O plano foi formulado pelo presidente da Costa Rica, Óscar Árias, e propõe, entre seus 11 pontos, a restituição de Zelaya, mas em um governo de unidade nacional.
O comunicado informou ainda que os dois lados aceitaram formar comissões que discutiriam ajustes e atualizações de cada ponto do Acordo de San José sobre os quais pairam divergências.
Os grupos em discussão teriam se comprometido ainda com um novo pacto político e social para o país.
Respaldo externo
Na quarta-feira, após terem se encontrado com Micheletti, os representantes da OEA se reuniram com o presidente Manuel Zelaya na Embaixada do Brasil e com os candidatos à presidência no pleito que está marcado para o dia 29 de novembro.
Sem ter colhido avanços entre os representantes dos dois campos, a entidade pediu que os candidatos pressionem por uma solução para a crise, caso contrário, aquele que se sagrar o vencedor do pleito, correrá o risco de não ter qualquer respaldo externo, uma vez que a comunidade internacional já afirmou que não reconhecerá o resultado das eleições se Zelaya não for reconduzido ao poder até a data do pleito.
O acordo é difícil. Não resta a menor dúvida, mas isso não impede que continuemos tentando.
Ruy Casaes, representante do Brasil na OEA
"Há vários indícios de que, se não restituírem o presidente Zelaya a seu cargo o quanto antes, alguns movimentos tornarão impossíveis a realização de eleições limpas e respeitadas por todos", afirmou John Biehl, o assessor especial do secretário-geral da OEA.
O embaixador do Brasil na OEA, Ruy Casaes, que foi o representante brasileiro nas negociações, disse ter visto a negociação de forma positiva, uma vez que foi a primeira vez que as duas facções políticas em disputa em Honduras se reúnem sem a presença de mediadores.
De acordo com Casaes, o tom irredutível de Micheletti pareceu uma tática para o público interno hondurenho. “Nas reuniões internas, ele teve uma postura razoável.”
O embaixador frisou: “O acordo é difícil. Não resta a menor dúvida, mas isso não impede que continuemos tentando”.
Indagado se o insucesso da entidade seria um sinal de sua irrelevância, Casaes afirmou: “Todos organismo internacional é aquilo que os Estados-membros querem que seja”.
Protestos
O campo zelaysta parecia frustrado com a ausência de um avanço nas negociações. Um dos representantes do líder deposto, o sindicalista Juan Barahona, afirmou que o “debate está em ponto morto”, mas que as negociações irão continuar.
Pouco após a partida dos representantes da OEA, um grupo de manifestantes ligados ao grupo Movimento de Resistência ao Golpe, formado por diferentes grupos sindicais e camponeses, fez um protesto em frente ao Hotel Clarion, que sediou a reunião.
Os ativistas pediam o regresso de Zelaya e chamavam os representantes do governo interino de “cães” e os policiais armados com escudos e cacetetes de “assassinos”.
Houve empurra-empurra entre policiais e manifestantes e alguns ativistas chegaram a apanhar com cacetetes, mas não houve detenções nem incidentes mais graves.
Os ativistas pediam o estabelecimento de uma Assembléia Constituinte, que discutiria a reforma da Carta de Honduras. O tema foi o pretexto usado pelos representantes do governo interino para depor Zelaya e o líder deposto disse ter aberto mão da proposta.
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Ele havia proposto uma consulta popular sobre o estabelecimento de uma Constituinte que seria realizada no dia em que ele foi deposto.
Curiosamente, Barahona, que participou da reunião com a OEA, discursou na manifestação realizada nesta quinta-feira em Honduras, chamando a entidade de “elefante branco” e “clube para turistas”. Mais notícias:
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